A luz é ténue e
fria, o som do vento faz lembrar o uivo de uma alcateia, este frio que se faz
sentir dá vontade de aconchegar a gola do casaco na busca de conservar a
temperatura corporal. As folhas agora de cores variadas numa mistura que vai do
vermelho, amarelo e morre num castanho-escuro e enrugado, esse enrugado que
parece a sua alma torturada ao longo estes últimos anos, num percurso nem
sempre fácil mas cravado de acontecimentos que o mudaram ate se tornar no que
hoje vagueia nessas ruas.
Invisível aos
olhares e inexistente ao pensamento ou sentimento vagueias em busca de um pouco
de conforto e calor, algo que já há muito esqueceste o que era, o conforto do
tecto ou o calor dos braços e das palavras, agora tão distantes como uma
história narrada num livro qualquer.
Essa falta
inexplicável que te impele.... Que te obriga a abrir os olhos e caminhar será o
teu tormento, o teu objetivo, o teu sonho, impedindo que te deixes vencer pela
cruel verdade, e quando esta chegar ao teu corpo e à tua mente, irá te atirar de
volta ao útero que te protegeu durante a tua primeira existência, diante do teu
túmulo e te contrais com os joelhos no peito e o corpo de lado deitado, inspiras
pela ultima vez o o noturno ar e sentes esse solo gelado, onde o teu corpo
repousa.......
Abraças a verdade e percorres o teu último trajeto com
o alívio de saber que agora tudo acaba e nada mais te pode tocar. Finalmente pode
descansar e ser um só com o nada.