Deixo o veneno
percorrer o meu corpo, pois só assim sinto o leve sopro de vida que me atinge
antes de me perder na penumbra da eternidade. O que fui, agora não tem mais
importância e o que serei não tem razão de existir, na escuridão mergulhado já há
tanto tempo o meu ser não sabe o que é viver.
O bater do
coração deu lugar a um silêncio mórbido e frio, que parece dilacerar cada réstia
de vida em mim, não sinto nada e finalmente posso descansar ... Sem nada pelo
que lutar e com a raiva a dominar os meus gestos e dia a dia tudo parece alheio
e sem nada que ligue a mim.
Como eu te odeio,
a tua imagem reflectida no espelho apenas me faz desprezar-te ao ponto de te
querer ver desaparecer, definhando essa alma até nada mais restar.
O azedo trago do
veneno, é o adocicado sabor da minha vitória sobre ti …
JAN14