Não me consigo mexer, ouço um ruído de fundo abafado e salpicado de murmúrios como se estivessem a ser segredados
para dentro de uma caixa metálica, o frio que sinto parece gelar o meu sangue e
a minha alma, por entre esta escuridão que me envolve perscruto o horizonte,
mas a minha visão nada alcança!!!
Como um trovão subitamente os
meus olhos são inundados de luz, que de tao intensa parece queimar a minha
retina, agonizado procuro fechar os olhos mas não consigo, esta dor parece
trespassar o meu cérebro como se fosse mergulhado em ácido. Com um ruído metálico
de esferas a rolar sobre aço, sinto-me ser puxado com violência e ouço uma voz murmurar
algo que não consigo decifrar, os meus olhos agora já mais habituados à luz
conseguem deslumbrar algumas cores entre o branco e cinzas polvilhados por brilho cintilantes e algumas formas, estas que parecem se mover de uma forma metódica
mas sempre parecendo atarefadas ou apenas a balouçar de um lado para o outro. Tento
perguntar o que se passa, mas os meus lábios não se mexem, a minha voz não se
faz ouvir e nem um simples sopro consigo lançar, desesperado tento gritar na
esperança de alguém me ouvir, mas nada acontece, não sai um som nem alguém se
aproxima de mim. Os meus olhos não se fecham e agora ardem de secos que estão a
ficar, mas agora consigo ver pelo menos duas pessoas que de branco se
movimentam à minha volta, procuro chamar à sua atenção mas não me posso mexer e
elas não me ouvem.
Incrédulo com a situação, observo
um deles se aproximar de mim com um objeto longo e brilhante na mão, não posso
acreditar no que ele se prepara para fazer, grito e esperneio o mais que posso,
mas o resultado é nulo, nada se ouve ou nem um músculo se movimentou, nem os
olhos consigo fechar e expectante observo ele cravar no meu peito a lamina que
agora rasga a minha carne … não sinto nada, não me dói mais nada, lentamente
mas de uma forma continuada mergulho numa escuridão total, finalmente acabou …
não há mais frio, dor, calor ou receio, simplesmente há o “NADA”.
“Carpe diem”